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Wednesday, August 20, 2003

manifesto contra a repressao as raves

É uma pena: o Rio de Janeiro está andando para trás. Não obstante a crise
nos cofres públicos, a (eterna) crise na segurança pública e a evasão
econômica em direção a São Paulo, agora estamos regredindo culturalmente.
Neste último sábado, foi proibida a realização de um evento destinado à
música eletrônica (Bunker Rave), onde cerca de 25 artistas iriam se
apresentar (com atrações vindas de outros estados, e até mesmo uma atração
internacional), sob as alegações de que o espaço físico que sediaria tais
apresentações não teria condições para tal, e principalmente, que haveria a
possibilidade de consumo de drogas no mesmo.

A alegação de que festas de música eletrônica não podem ser realizadas por
serem um suposto ambiente de consumo de drogas não faz o menor sentido. Ela
parte do pressuposto de que o problema das drogas é algo isolado, ou mesmo
associado a algum tipo de cultura musical, o que é um terrível engano. O
problema das drogas é bastante sério, e trata-se de um problema
sócio-comportamental, seja aqui no Brasil ou em qualquer lugar do mundo. Com
relação a esta verdadeira endemia, é preciso tomar as devidas providências:
coibir a comercialização, prender quem lucra com esta verdadeira
'indústria', bem como exterminar de uma vez por todas as plantações e/ou
laboratórios onde tais substâncias são cultivadas e processadas. Mas não é
preciso que se acabe com a música; o jovem de hoje precisa cada vez mais de
acesso a cultura, à informação, e não o contrário.

A desinformação por parte do governo e da grande imprensa em geral é tanta
que muita gente desconhece o verdadeiro significado da palavra 'Rave'. O
termo 'Rave' surgiu para designar festas imbuídas de um 'espírito coletivo'
que diz respeito à apreciação de música eletrônica, à celebração da vida e
dos bons momentos, e a uma atitude de respeito e tolerância ao próximo.
Geralmente são ao ar livre e em lugares afastados dos grandes centros
porque, num primeiro momento, este foi o formato consolidado em Londres
(principalmente) e em outras capitais européias, devido à repressão da
polícia, que proibiu este tipo de festa inicialmente realizadas em galpões e
casas noturnas. Dez anos atrás, a ladainha era a mesma: a possibilidade de
consumo de drogas por parte de seus frequentadores. Alguns anos depois,
percebeu-se o enorme erro: o problema das drogas ainda está longe de ser
resolvido, e a música eletrônica conseguiu se desvincular de qualquer imagem
negativa e se mostrar muito maior do que qualquer preconceito. Atualmente o
maior evento musical da Europa é uma 'rave' nas ruas de Berlin, chamada
"Love Parade", onde 1 milhão de pessoas (famílias inteiras, dos avós aos
netos) dançam ao som de música eletrônica e se integram em prol do amor, da
paz, e da tolerância entre os diferentes. É realizada desde o início dos
anos 90. Recentemente este formato de 'rave urbana' foi inclusive adotado
pela prefeitura do Rio de Janeiro, que no início deste ano apoiou
irrestritamente a realização da Rio Parade, que levou mais de 100 mil
pessoas à Avenida Rio Branco, sem que nenhum incidente fosse registrado.
Mesmo grandes empresas já perceberam a importância e o valor da música
eletrônica, investindo pesado em eventos como o Skol Beats e Coca Cola VibeZone.

E não se trata de simples imitação de alguma moda estrangeira. A música
eletrônica e as festas onde se ouve apenas este novo tipo de som representam
uma revolução cultural que se espalhou por todo o mundo nas últimas duas
décadas. Em cada país esta nova cultura é aborvida de maneiras peculiarmente
diferentes, se misturando à antigas tradições culturais e renovando o
cenário artístico. Artistas brasileiros consgrados - como Lulu Santos e
Daniela Mercury - adotaram com sucesso este novo tipo de sonoridade
eletrônica e novos artistas foram revelados, como DJ Marky e DJ Patife,
reconhecidos em todo o mundo como dois dois principais nomes desta nova
safra cultural.

A Bunker Rave poderia ter sido apenas mais uma festa de música eletrônica no
Rio de Janeiro, não tivesse se tornado o bode expiatório de uma repressão
insustentável e hipócrita. Uma festa que seria realizada em um clube com as
instalações adequadas para este tipo de evento (que inclusive já sediou
festas similares, para um público de 4.000 pessoas, com a devida autorização
dos orgãos governamentais), e que ajudaria no sustento de mais de 1.000
famílias: uma equipe de 200 seguranças profissionalizados, fora os empregos
diretos e indiretos gerados pela produção do evento. Uma festa onde a coleta
de lixo é seletiva e onde se faz um respeitável trabalho social: o ingresso
da festa só tem validade mediante a doação de 1Kg de alimento não perecível,
que é doado em parte para famílias carentes na comunidade do Vidigal, e em
parte para instituições da própria prefeitura do Rio de Janeiro. Há quase um
ano, por ocasião de um quebra-quebra generalizado em uma festa para 4.000
pessoas organizada por universitários e realizada em um parque de diversões
na Barra, o os jornais cariocas destacaram que "ao mesmo tempo, realizava-se
em Vargem Grande a Bunker Rave, que reuniu 9.000 pessoas e onde tudo o que
se viu foi paz, amor e diversão".

Infelizmente o consumo de drogas é elevado no Rio de Janeiro. Dos shows de
rock aos inferninhos em Copacabana, das quadras das escolas de samba às
boates na Barra da Tijuca, dos bailes funk da periferia aos bares chamosos
do Leblon - é um problema que não escolhe região ou classe social. Após duas
décadas de guerrilha urbana, o Rio de Janeiro vive um período delicado
também em seu cenário cultural e sua vida noturna: um sem fim de bares e
restaurantes fechou as portas, há pouquíssimas casas noturnas; teatros,
cinemas e casas de show também já foram em maior número. A polícia, que
deveria estar fazendo com que as pessoas se sentissem seguras para sair de
casa e curtirem suas opções de lazer, agora estão tratando de acabar com as
poucas que ainda restam. Com relação especificamente à Bunker Rave,
proibiram a realização da 7a edição de um evento já consolidado, que já
havia contado com o aval das autoridades e do público por outras seis vezes.
O que mudou de lá pra cá? Talvez os interesses de marketing do ministério
público. O Rio de Janeiro não merece isso. Como diriam os irreverentes
cariocas, "ninguém merece".

Cid Andrade tem 25 anos, é publicitário, jornalista e produtor musical

Monday, August 18, 2003

cancelamento da bunker rave

antes de vcs lerem o comunicado oficial dos produtores da festa, seria bom q cada um pensasse no q vai fazer para protestar. n adianta so ficar se lamentando. a prefeitura precsia ouvir as pessoas. temos q dizer nao a repressao!

Comunicado

Os organizadores do evento denominado "Bunker rave" vêm, em respeito ao público, informar que devido a uma decisão judicial, de caráter liminar, o evento infelizmente foi cancelado. Antes de tudo, cumpre frisar que o evento sempre esteve em conformidade com as determinações legais para sua realização.

A referida decisão judicial foi atacada pelas vias judiciais cabíveis, porém, os próprios organizadores só tomaram conhecimento do inteiro teor da ação intentada pelo Ministério Público horas antes da realização do evento, inviabilizando a adoção de qualquer medida judicial em tempo hábil.

Na verdade, é trazido ao conhecimento de todos que os argumentos aduzidos para a concessão da medida liminar que cancelou o evento causam estranheza, tendo em vista que os organizadores possuem todos os documentos necessários à realização do evento. Nunca foi e nunca será a intenção dos organizadores a desobediência de qualquer decisão judical, nem mesmo a inobservância da legislação vigente, como não poderia deixar de ser.

CHBR PROMOCOES E EVENTOS LTDA.
devolucao dos ingresso da bunker rave

CHBR PROMOCOES E EVENTOS LTDA.

A EMPRESA CHBR PROMOCAO E EVENTOS, RESPONSAVEL PELA ORGANIZAÇÃO DO EVENTO DENOMINADO BUNKER RAVE, COMUNICA AOS INTERESSADOS QUE DEVIDO AO CANCELAMENTO DA FESTA ADIADA PARA O DIA 16/8 DO CORRENTE ANO, ESTARÃO A PARTIR DO DIA 01/09 ATE O DIA 12/09, REALIZANDO A TROCA DOS CONVITES PELOS VALORES EFETIVAMENTE PAGOS.

PARA TANTO DEVEM OS INTERESSADOS DIRIGIREM A SALA 1502 DA AV. VISCONDE DEPIRAJA N. 550, IPANEMA, RJ, NO HORÁRIO COMERCIAL, PORTANDO OS CONVITES ORIGINAIS.

CONTAMOS COM A COMPREENSAO DE TODOS

CHBR EVENTOS
ENCONTRO DOS AGITADORES CULTURAIS DO RIO DE JANEIRO

Na falta de quem reunisse os agitadores culturais que fazem a cena do RJ acontecer, montamos um grupo para discutir o mercado de entretenimento (com a presença de donos de casas noturnas, produtores e promotores de evento, DJ's e outros protagonistas) e, através das constatações, buscar resolver os problemas que atingem a todos nós diretamente.

Na próxima quarta-feira, dia 20 de agosto de 2003, na boate MESS (arpoador), às 16:00 pontualmente, estaremos reunidos apresentando um relatório inicial, que será aperfeiçoado pelos Agitadores Culturais presentes, passará por um ciclo de debates da PUC-RJ, em setembro, e, finalizado, será encaminhado aos órgãos públicos competentes, em busca das soluções desejadas, para que a situação melhore para todos.